domingo, 1 de fevereiro de 2009

Pin-up girls

Há uma música da banda goiana chamada Pedra Letícia que tem uma música que diz: "eu gosto mesmo é de mulher com cara de atriz pornô", e também tenho que concordar, principalmente se ela vier embrulhada num visual ao estilo anos 40.

Mas longe disso, longe dessa mente suja e pornográfica, o conceito das garotas pin-up era bastante claro: eram sensuais e ao mesmo tempo inocentes. A verdadeira pin-up jamais poderia ser vulgar ou oferecida, apenas convidativa. A pornografia e a sexualidade que conhecemos hoje de forma banal deu o start a partir dos anos 70 - a época do paz e amor -, ou seja, a partir desse ponto a indústria do sexo passou a desmanchar a aura misteriosa dessas mulheres, graças a filmes pornográficos escrachados e revistas de nu feminino com poses ginecológicas e pornografia explicita.

Mas voltando ao princípio do princípio, o termo pin-up surgiu a partir do ato de pendurar ilustrações nas paredes, isto é, pin-up (em inglês). Foi na década de 40, contudo, que as pin-up girls (ou “garotas penduradas”) viveram o auge do sucesso. Mas não só nessa época, a bastante tempo elas tem animado homens, gerações e gerações. Fez os soldados americanos da segunda guerra mundial sonharem em pleno campo de batalha. Elas foram se popularizando entre os marmanjos e tomando rumos diferentes, alcançando as fuselagens das máquinas dos combatentes e tornando-se uma característica essencial do mundo masculino de garagens e a sua versão moderna é bastante popular em borracharias.

Há sempre uma ar saudosista em se falar sobre as pin-ups, é como voltar no tempo, estamos falando sobre algo por volta do fim do século 19, época em que o teatro de revista transformava dançarinas em estrelas, fotografadas para revistas, anúncios, cartões e maços de cigarros. E em Paris - berço artístico do mundo em vários aspectos -, dois deles, Alphonso Mucha e Jules Cheret, criaram as primeiras imagens de mulheres em poses sensuais para pôsteres, com trabalhos marcados pela presença de contornos e detalhes.

http://www.kanne-kruike.nl/Merkeninfo/Merk7E.html http://www.tepee.com/artisorbis/artisorbis.html http://www.cross-stitch-centre.co.uk/acatalog/lanarte.html http://sepia-art-studio.typepad.com/blog/2006/03/index.html
Obras primas de Mucha

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jules_Ch%C3%A9ret-Fete_des_Fleurs.jpg http://www.nga.gov/exhibitions/2005/toulouse/056-206.htm http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jules_Ch%C3%A9ret-Saxol%C3%A9ine.jpg http://danielbohn.wordpress.com/2008/03/24/jules-cheret/
E Cheret respectivamente

Isso parece muito distante, mas a arte dos pôsteres virou escola e influenciou artistas até as primeiras décadas do início do século 20 - hoje tudo acontece de forma muito mais rápida, principalmente em se falando em design e formas artísticas digitais, afinal quando se lança uma nova versão de sistemas operacionais da Mac ou Microsoft muda-se muito a cara do mundo digital que conhecemos -, mas naquela época quando os calendários também passaram a trazer desenhos de mulheres com silhuetas idealizadas pela imaginação masculina da época foi esse estilo de revolução e mudança. Isto é, numa época em que mostrar as pernas era atitude subversiva e ser fotografada nua, atentado ao pudor, lápis e tinta e papel davam forma a essas mulheres, carinhosamente chamadas de “armas secretas” pelos soldados americanos - na Segunda Guerra Mundial, elas serviam de alívio para os pracinhas que arriscavam a vida nos campos de batalha. Betty Grable foi uma das mais populares dentre as primeiras “pin-ups”. Um de seus posters tornou-se onipresente nos armários destes soldados.

Betty Grable: uma arma secreta

Como tudo na vida está relacionado, vou dar um exemplo recente, mas chulo; como na época em que ter um iPod era ser legal e/ou ter bom gosto e/ou estar inserido em uma tribo cool, naquela época o conceito de sofisticação eram os traços do art-nouveau, ou arte nova como chamam os portugueses, ou seja, segundo o Wikipédia foi um estilo estético essencialmente de design e arquitetura que também influenciou o mundo das artes plásticas, eu particularmente não acredito que foi nessa ordem. Isto é, era relacionado com o movimento arts & crafts e que teve grande destaque durante a Belle époque, da época em que foram inventados o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião.

Ficheiro:Lotion edista.jpg
Um exemplo clássico art-nouveau, um rótulo de loção Edista.

Agora faz mas sentido entender porque elas vestiam peças de roupa que deixavam sutilmente à mostra suntuosas pernas e definidas cinturas. Era o bastante para alimentar a fantasia dos marmanjos.

Das ilustrações de papel, as pin-ups logo ganharam vida ao serem encarnadas por atrizes como Betty Grable e Marilyn Monroe, ou fotografadas por modelos voluptuosas como Bettie Page, também chamada de “rainha das curvas”.

http://www.bettiepage.com/images/photos/bikini/bikini1.jpghttp://www.bettiepage.com/images/photos/bikini/bikini8.jpghttp://www.bettiepage.com/community/art/pinup/images/pin-up_ivy1.gif
É moçada, só um detalhe: não exisitia photoshop na época.

Chega a ser um pecado ver tais fotos e pensar que essa aura misteriosa das mulheres não existe nas mulheres da nossa geração. Segue abaixo algumas obras primas clássicas.


Ah como eu queria uma mulher assim. Como eu queria.

Sorvete, ao melhor estilo saudosistas.

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